Descrição Histórica

por snt — publicado 18/08/2014 11h47, última modificação 30/06/2015 10h06
Ocupação do Território da Região

Pelo tratado de tordesilhas (1494)as terras, que muito mais tarde constituiriam o município de Palmeira, do qual se desmembraria Três Passos e depois Santo Augusto, ficaram jurídicamente, pertencendo à Espanha. O fato explica-se porque o primeiro contato colonizador na região foi realizado por missionários jesuítas.
Viviam aqui índios Guaranis, que ocupavam as bacias dos grandes rios Paraná, Paraguai e Uruguai, em sua parte navegável. Justamente o rio da Várzea devia marcar o limite entre os Guaranis e os índios de tradição Gê, nesta região. Em 1610 os missionários jesuítas começaram as catequeses, com o sistema de Redução, na região de Guaíra, e de lá foram estendendo lenta, mas progressivamente, sua ação rumo ao sul. Em 1626 o Pe. Roque Gonzales entrava no Rio Grande do Sul, fundando a redução de São Nicolau e introduzindo a criação de gado (1634).
O gado se torna elemento de cobiça dos bandeirantes e ante a ameaça a este gado, representada pela fundação da Colônia de Sacramento (1680) e Laguna (1686), os jesuítas optam pelo retorno dos índios, fundando-se, a partir de 1687, os Sete Povos.
O território foi novamente redividido em estâncias para criação de gado e em ervais para extração da erva-mate, principal produto para o comércio.
A região de Palmeira coube ao povo de São João Batista (SOARES, Mozart Pereira. Santo Antônio da Palmeira. Porto Alegre. Bels, 1974, p. 86) onde podia-se explorar os grandes ervais nativos ali existentes. A desagregação dos povos que seguiu à expulsão dos jesuítas (1767) e à ocupação Portuguesa (1801) levou os índios a abondonarem estas atividades. No entanto, foi a extração de erva o atrativo econômico para a fixação do luso-brasileiro.
O Cônego Leme, primeiro vigário de Palmeira, iniciando o "Livro do Tombo da Paróquia de Santo Antônio da Palmeira" há 20 de maio de 1872, escrevia que em 1824 "já existia grande número de habitantes que deixaram Cruz Alta pela abundância da erva-mate, a cujo fabrico se dedicavam reunidos em comitivas e armados para se defenderem dos indígenas (...) sendo que neste tempo chegaram muitos comerciantes com suas carretas de negócios para permurarem por erva". (Id. Ibid. p. 161).
Evidencia-se por mais este texto, que os primeiros lusos-brasileiros a percorrerem a região foram impulsionados pela extração da erva. Que estes primeiros moradores vieram de Cruz Alta, aliás, então sede municipal de toda a região noroeste do Estado; que a "Vilinha", primeiro nome de Palmeira, surgiu como ponto de transação comercial entre os ervateiros e os comerciantes. Que na região havia índios de quem deviam se defender.
Simultaneamente, ou quase, à penetração dos ervateiros se processou a ocupação dos campos por estancieiros, também vindos de Cruz Alta e que se dedicava, à criação de muares para a feira de Sorocaba, em São Paulo e de vacuns para as charqueadas de Pelotas e Rio Grande, aliás, atividades de todos os estancieiros da região Missioneira-Serrana.
Assim foram ocupados também os campos de que sairia mais tarde Santo Augusto, isto entre 1816 e 1824, atraindo a população mais pobre que se dedica à extração da erva-mate e os estanceiros dedicados à criação de gado.
A partir de 1824, o Império começava a ocupar a região de mata com imigrantes em regime de pequena propriedade. A República enfrentou o problema da colocação de inúmeros imigrantes e da crescente migração interna provocada pelo pequeno lote recebido (25ha) e o grande número de filhos dos imigrantes. Restava apenas as matas da Bacia do Uruguai para serem ocupadas. Em 1890 se fundava a Colônia de Ijuí, onde se estabeleceu a Comissão de Terras e Colonização que orientava a Colonização oficial também no município de Palmeiras. Ijuí tornando-se município em 1912, Palmeira tornava-se sede da Comissão de Terras e Colonização em 1917 (Id. Ibid. p. 83).
Paralela a esta colonização oficial desenvolvia-se também uma colonização particular. Eram estancieiros que julgaram bom negócio lotear as matas de seus latifúndios e vendê-las a colonos.
DESENVOLVIMENTO DE SANTO AUGUSTO
Em 1879, um desbravamento militer abriu uma "picada" que ligava Cruz Alta a Colônia Militar (Três Passos) que então se fundava. Foi à beira desta estrada no lugar chamado Boca da Picada, que em 1917 Pompílio Silva aceitava a oferta do fazendeiro Jão Chagas de dirigir uma sessaria, montada para exploração da madeira abundante na mata que ali começava.
A serraria ajuntou famílias em seu redor. pompílio aproveitou para abrir uma casa comercial para satisfazer o mercado que se apresentava. A casa comercial prosperou, favorecendo a fixação de mais habitantes na localidade. Depois da morte de João Chagas, seus sucessores resolveram colonizar a região. A demarcação dos lotes foi confiada ao agrimensor Aquiles Couto, proveniente de São Gabriel. Mediu 360 lotes que ele mesmo comprou, transferindo a revenda para os Senhores Abel Spelet e Cailer Mota, residentes em Cruz Alta, que encarregaram o Senhor Pompílio Silva da execução, recebendo em pagamento 9 lotes próximos da vila que surgia (Boletim Informativo dos Servidores Municipais de Santo Augusto. Prefeitura Municipal de Santo Augusto, maio de 1960-s/p.).
Logo, um significativo movimento migratório se instala na área. Descendentes de italianos, alemães, poloneses e luso-brasileiros chegaram ao lugar, recebendo pequenos lotes de terra. Estes agricultores dedicam-se às atividades de subsistência.
Em 1922, foi construída a primeira escola, sendo nomeado professor o Senhor Luiz Augusto de Carvalho. Outro marco significativo foi a construção da capela, em 1925.
Mas é a partir de 1927 que aumentam os prédios do povoado e surgem novas atividades. A concentração populacional em torno da antiga casa comercial do Senhor Pompílio Silva e a importância econômica da área são tais que em 1928, foi assinado o decreto de criação do Distrito de Santo Augusto, como terceiro distrito de Palmeira das Missões. Na ocasião foi nomeado sub-prefeito o Sr. Pompílio Silva.
Uma das primeiras providências administrativas foi trazer o agrimensor Guilherme Mufeld para medir e delimitar o perímetro da sede, traçar e dividir as ruas.
A primeira entidade social que surgiu em Santo Augusto foi o Clube Recreativo e Cultural 7 de Setembro, criado em 1934.
Por ocasião do Decreto 7199, de 31 de março de 1938, Santo Augusto é elevado à categoria de Vila. Em 1939 foi construído o prédio da Sub-Prefeitura Distrital.
Em 1940, foi construído o Grupo Escolar oficializado pelo Interventor do Estado, a 29 de maio de 1940, sendo seu primeiro diretor o Senhor André Baraldi. No mesmo ano, feito o recenseamento, existiam em Santo Augusto 964 famílias, com 3.938 habitantes, contando a vila com 60 famílias e 250 habitantes.
A atual paróquia católica de São João Batista foi criada em 1941 por sua Exma. Revma. Dom Antônio Reis. A construção da igreja matriz foi iniciada em 1946.
Quando Três Passos se emancipou do município de Palmeira das Missões, em 1945, Santo Augusto passou a pertencer a este Município.
Até 1950, Santo Augusto, além de ter um Cartório Distrital, uma Agência Postal (do Depto. de Correios e Telégrafos), uma Capatazia do DAER, tinha estabelecido os fundamentos de sua sociedade e de sua vida econômica. A agricultura prosperava e novo impulso recebeu a própria pecuária pelas maiores facilidades de comercialização, tanto no município como na região.
O ano de 1956 foi marcado pelo aparecimento de duas entidades esportivas ainda existentes: o Sport Club Intenacional e o Grêmio Esportivo Santo Augustense.
A ideia emancipacionista, surgiu em 1958. No plebiscito realizado em 30 de novembro de 1958, 85% dos votantes foi favorável à emancipação, que incluía os distritos de Santo Augusto, Coronel Bicaco e São Martinho, todos pertencentes a Três Passos.
Em 17 de fevereiro de 1959, pela Lei Estadual Nº 3.721, foi criado o município de Santo Augusto. Em maio do mesmo ano foi realizado o primeiro pleito municipal. Os eleitos, os Senhores Oswaldo Pio Andrighetto e Arnaldo Macagnam para prefeito e vice-prefeito respectivamente, foram empossados no dia 30 de maio de 1959, juntamente com a primeira Câmara Legislativa.
O ano de 1963 foi marcado, entre outras coisas, pela emancipação dos distritos de São Martinho e Coronel Bicaco.
Ainda em 1959 foram instalados os serviços judiciários da Comarca não Instalada de Santo Augusto. Também neste ano foi instalado o Escritório Regional de Terras, e em 1960 a Exatoria Estadual. No mesmo ano de 1960 surge o primeiro estabelecimento de ensino secundário: a Escola Comercial Pe. Anchieta. Em 1965, com a criação do ensino técnico comercial, a escola passou a denominar-se Escola Técnica Comercial Pe. Anchieta. O Ginásio Estadual de Santo Augusto, foi criado em 1864, sendo transformado em Ginásio Orientado para o Trabalho em 1967.
A agricultura recebeu uma assessoria técnica, representada pela Estação Experimental da Secretaria da Agricultura, em 1965.
A vida comunitária de Santo Augusto foi se tornando cada vez mais complexa, mas seus habitantes souberam dar respostas adequadas aos seus problemas. Numa demonstração de consciência de classe e visão clara dos problemas que limitam a ação e dispersam as energias dos homens dedicados à atividade fundamental do município, a agricultura, no ano de 1967 teve início o funcionamento do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Augusto. No ano seguinte foi fundada a Cooperativa Agrícola Mista Santo Augustense Ltda.
São estes, em resumo, os traços fundamentais da história do município de Santo Augusto. Os seus habitantes preocupados em transformar o meio físico que lhes foi oferecido para nele instalar uma vida compartilhada por todos, mantendo viva a chama do pioneirismo de seus avós e pais, buscam novas soluções através do cooperativização e da introdução de novas técnicas de trabalho. Pelas transformações que se operam na agricultura, novos caminhos surgem para Santo Augusto. Necessários se fazem grandes esforços de sua população, de seus dirigentes administrativos, de seus líderes empresariais, para que os benefícios deste desenvolvimento se expressem numa elevação do padrão de vida médio, na melhoria das condições de saúde e habilitação, no aumento dos anos de escolarização a todos, no aumento das facilidades de comunicação, entre outras.
(Autoria: Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado - FIDENE)